Preocupação

Clima atípico deixa produtores de pêssego em alerta

Períodos de frio extremo e geadas, alternados por calor fora de época, afetam o ciclo das plantas

Foto: Divulgação - Com antecipação de pelo menos 20 dias, plantas ficaram sujeitas à geada

E o clima, mais uma vez, está sendo austéro com a cultura do pessegueiro em Pelotas. O calor fora de época, alternado por frio extremo, inclusive com ocorrência de geadas, está provocando uma “confusão” no ciclo das plantas. As variedades mais precoces, como a Bonão, quebraram a dormência mais cedo, floresceram, frutificaram e sofreram a ação das geadas, que causam o congelamento e consequente abortamento do fruto. Em início de ciclo da cultura, os produtores se mantêm alertas quanto ao futuro da safra, que tem o seu auge a partir do mês de setembro.

O produtor Valério Aldrighi, com propriedade na Colônia São Manoel, 8º distrito de Pelotas, relata a situação que enfrenta em seus pomares. Na variedade Bonão, mais precoce, numa mesma planta, há flores, frutos bons e aqueles prejudicados pela geada, identificados pela coloração amarela. “Nestes frutos mais amarelos, que foram atingidos pela última geada, que ocorreu há 15 dias, a amêndoa apodrece e fica com uma coloração escura”, demonstra com o corte de uma das frutas ao meio. A diferença para o fruto bom é que o caroço, em formação, precisa estar branco.

Ele explica que a variedade teve sua floração antecipada por causa do calor ocorrido nos meses de abril e maio. “Após a geada ocorreu outra camada de floração”, explica, o que deve ser um problema na hora da colheita. “Vai ser uma produção complicada, com 15 dias de diferença entre as que estão com fruta maior e as que ainda estão em flor”, ressalta.
Geralmente, a variedade Bonão, após madura, sai da lavoura em 12 dias, diz o produtor. Em anos normais, em duas semanas e quatro colheitas a variedade estaria toda fora do pé. “Nesta situação serão necessárias de seis a oito passadas, aumentando o período de colheita e com quantidade menor de frutas”. Ele relata ainda um atraso de dez dias na floração para as variedades de ciclo médio, como Esmeralda e Maciel.

Mas a preocupação do produtor se volta, às cultivares mais tardias, como Granada e Santa Áurea, que deveriam estar em plena floração e ainda se encontram dormentes, com pequenos sinais do fim do período. Segundo ele, a cultivar Granada representa o maior percentual de produção, de 30% a 35% da safra. “Juntas, Granada e Santa Áurea representam mais de 40% da safra”, explica. Esta última é muito utilizada em áreas mais baixas e com maior risco para geadas.

No entanto, ele ainda considera cedo para falar em quebra. “Vamos observar, pois algumas plantas estão começando a sair da dormência, mas um clima chuvoso pode resultar no abortamento da gema”, diz. A partir de agora, num prazo de 15 dias, ele acredita que já dá para saber como vai se portar esta safra atípica.

Reuniões técnicas
O clima na região produtora de Pelotas será o tema de palestra, na sexta-feira (11), durante reunião técnica que ocorre desde terça-feira. O encontro desta sexta-feira será das 13h30min às 17h, no Centro Comunitário da Glória, na Colônia Glória, em Canguçu. Os palestrantes são os pesquisadores Carlos Reisser Júnior, da Embrapa Clima Temperado e Júlio Marques, da UFPel.

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